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The Wall: O álbum que separou de vez Roger Waters e David Gilmour

Publicada em: 05/02/2025 17:22 - Notícias In Rock

 

O Pink Floyd nunca foi uma banda de consensos. Cada álbum marcante do grupo esteve sempre envolto em disputas criativas, tensões nos bastidores e uma visão artística que, muitas vezes, ultrapassava os próprios integrantes. No entanto, foi com The Wall (1979que essas fricções atingiram seu ápice. Considerado um dos maiores álbuns conceituais da história do rock, The Wall não só se tornou um marco musical, mas também o ponto de ruptura entre Roger Waters e seus colegas, especialmente David Gilmour. O álbum, mais do que qualquer outro, simboliza a desconexão que Waters sentia, não só em sua vida pessoal, mas também nas relações com a banda e o público.

A ideia por trás de The Wall nasceu da mente inquieta de Roger Waters, que, naquele momento, já dominava a direção criativa do Pink Floyd. O conceito do álbum, uma espécie de autobiografia musical, retrata um artista desiludido, imerso em traumas da infância, perda da mãe, repressão escolar, guerra e alienação. O "muro" do título simboliza a desconexão emocional, um muro que Waters construía em sua vida, e que reflete o afastamento cada vez maior da banda e de seus fãs.

Embora a visão artística fosse de Waters, a sonoridade de The Wall não teria o mesmo impacto sem a contribuição de David Gilmour. Suas guitarras etéreas e solos inconfundíveis, presentes em faixas como Comfortably Numb e Run Like Hell, são fundamentais para o sucesso do álbum. No entanto, a relação entre os dois se deteriorou ainda mais com o álbum. Waters sempre afirmou que o disco era uma obra essencialmente sua, o que causou um grande atrito. Em 1990, em entrevista à Rolling Stone, Waters se declarou irreconciliável com Gilmour, acusando-o de lucrar com sua obra sem considerar o peso emocional que ela carregava para ele.

Por outro lado, David Gilmour nunca negou que The Wall fosse, essencialmente, a visão de Waters, mas também deixou claro seu ponto de vista. Em entrevista à Guitar World em 1993, o guitarrista afirmou que, embora gostasse da história criada por Waters, discordava da maneira como ela foi abordada. Gilmour criticou o álbum, vendo-o como uma espécie de catálogo de culpas pessoais de Waters. Para ele, o disco refletia uma visão egoísta e amarga, algo que contrastava com sua própria percepção do relacionamento entre a banda e o público. Assim, enquanto Waters via The Wall como um reflexo emocional profundo, Gilmour enxergava um projeto que, em sua opinião, carecia de uma conexão genuína com os fãs.

No fim, The Wall se tornou o maior reflexo das complexidades internas do Pink Floyd. Embora seja um gigante sonoro, o álbum também representou a materialização de um muro real e simbólico entre seus membros. O que começou como uma visão artística profundamente pessoal se transformou em um marco da história do rock, mas também no símbolo da separação definitiva de um dos grupos mais influentes de todos os tempos.

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